Páginas

terça-feira, 22 de junho de 2010

Perfil Tchá Tchá do calçadão

Ana Pessoa Santos e Ayalla Simone Nicolau

Foto: Ana Pessoa Santos
Poucos cidadãos sanjoanenses já ouviram falar em Abdul Aziz Nazarali Waljihirji. Mas com relação a seu apelido a coisa é bem diferente. Quase todos sabem quem é o simpático comerciante mulçumano Tchá Tchá, dono de uma loja no Calçadão Sebastião Sete, no centro de São João del Rei. Há 56 anos, quando deixou a Tanzânia, ele pôde escolher morar em outros cinco países, mas veio para o Brasil morar com seu irmão solteiro, trazendo muito ouro e dinheiro que sua mãe lhe entregou antes de sair da África.
Instalado em São João Del Rei, Tchá Tchá começou a trabalhar com seu irmão como camelô, vendendo de porta em porta em Nazareno, Rezende Costa, Ritápolis e Tiradentes. Nessa época ele não podia ter sua própria loja por não possuir os documentos necessários. Foi quando surgiu seu apelido. Uma vez que ele gritava: “Ô Tchá Tchá” – que em sua língua significa tio - e o apelido acabou ficando.
Oito anos após chegar ao Brasil e tomar posse dos documentos necessários, ele abriu a loja em parceria com seu irmão. Parceria essa que não deu certo, devido a frequência das brigas. A partir daí, passou a trabalhar sozinho no pequeno cômodo no calçadão.
Sua loja é bastante conhecida em São João del Rei por vender de tudo, desde utensílios domésticos a  peças do vestuário. Os produtos mais vendidos são correias de chinelos, cadarços de tênis e roupas.
Em média, de cinco anos Tchá Tchá vai para a Tanzânia visitar seus parentes. Ele diz que gostaria de ir mais vezes, mas que a passagem é muito cara.  Este ano, o comerciante já agendou para o meio do ano uma viagem para lá.
Ele tem costume de ficar batendo na porta de sua loja cantando o refrão da marchinha conhecida na voz de Dalva de Oliveira: “Bandeira branca, amor, não posso mais, pela saudade que me invade eu peço paz”. O funcionário de uma loja vizinha a do Tchá Tchá, Felipe Rezende, relatou que no dia do enterro de Tancredo Neves marcado para ás 16 horas, Tchá Tchá, que ainda não falava português muito bem, foi para a Igreja de São Francisco por volta das 08 horas da manhã, na intenção de participar da cerimônia que não era aberta ao público. Sentado no banco da igreja, quando o pediram para sair, ele afirmou que estava rezando e assim, conseguiu participar, inclusive ajudando a carregar o caixão. 
Tchá Tchá é muito querido por pessoas que trabalham no calçadão. Durante a entrevista, a todo momento pessoas passavam e o gritavam, e ele respondia a todos com um enorme sorriso. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...